30 junho 2009

Adeus...

" Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."

(Eugénio de Andrade)

É um dos meus poemas de eleição...
É um dos meu poetas preferidos...
E como poderão ser belas as palavras de um Adeus...

Que o Adeus seja sempre nas palavras do poeta...
Eu não quero que as palavras se gastem pela rua...
Não quero que os olhos se gastem com o sal das lágrimas...
Quero que seja eterno o tempo dos segredos...
Quero que as palavras não se gastem...
Adeus!!!

21 junho 2009

Artistas...

Há pessoas que só por si são uma excepção de tão excepcionais que são!
Conseguem transformar o mais simples dos objectos ou uma mera realidade numa obra de arte!
Das suas mãos nascem pedaços de mundos cheios de criatividade, de engenho, de ousadia, de imaginação... e fazem-no com naturalidade, como se tivessem nascido com a certeza de que não há nada mais simples, nada mais natural...
Confesso que me sinto "pequeno" quando confrontado com tal realidade artística...
Eu nunca tive muito jeito para trabalhos manuais... nada que implicasse usar tintas e pincéis, martelos, pregos ou qualquer tipo de ferramenta da qual possa resultar algo de útil ou agradável... Na realidade sempre fui um bocado (é favor) desastrado para esse tipo de actividades (e não só)... Na escola, lá me ia desenrascando a Educação Visual, nem sei bem como... O martírio que era cada vez que tinha de pintar com guache aquelas "coisas" que nos mandavam fazer... Com barro o melhor que consegui fazer foi uma espécie de guarda-jóias, que sobreviveu durante algum tempo para guardar os "tazos" que calhavam nas batatas-fritas...
No entanto, constato, que tenho mais jeito para destruir coisas... como daquela vez em que ainda miúdo (pois, já fui sim) peguei num martelo e destriu todos os carros de brincadeira que havia lá por casa... Conclusão, perdeu-se um futuro bate-chapas...
Há que louvar quem realmente tem o dom de nos presentear com a sua arte... pois, é preciso que haja talento para... claro, que tem de ser trabalhado para se ser exímio no que se faz... mas o "tal" tem de lá estar...
Aos talentosos artistas que nos mostram o seu mundo nas mais belas e ousadas formas da sua criação!

16 junho 2009

Mais um ano... lectivo!

As aulas terminaram...
Mais um ano lectivo terminado, para os alunos, diga-se... pois para os professores...
Ontem foi a última aula com os meus "meninos" de Castelo de Paiva. Claro que não podia ser uma aula normal, por isso organizou-se um piquenique que se realizou num pequeno parque por detrás da escola... Eles esqueceram-se foi de referir que o parque tinha uns acessos menos bons... E lá fui eu pelo meio de uns caminhos de cabras, atravessando quase uma selva onde só se via a nossa cabeça, até chegar ao sítio... vá até era agradável!!! Só falta referir que fiz o caminho com um garrafão de 5 litros de água numa mão e outros cinco em garrafas de coca-cola e sumos na outra... Conclusão, cheguei lá mais morto que vivo!
Lá se fez o piquenique, bem composto, muito frango de churrasco (tadinho do meu popó que ficou a cheirar a "pito"), muita batata frita, umas azeitonas que me iam matando (do LIDL só podiam), muito sumo e aguinha... E lá me despedi dos meus meninos... e eles de mim e de alguns colegas... o que deu azo a choradeira e tudo por parte das meninas... lá se foi o Cristiano Ronaldo, ups digo, o Ig... Ig..., tu és grande! Pronto, não és, mas tens de meter juízo nessa cabeça...

Hoje o dia tem sido de arrebentar...
Começaram os exames nacionais... e lá tinham de me marcar vigilâncias... em Castelo de Paiva...
Lá tive de me levantar às 6h30 da manhã (um atentado terrorista) para estar antes das 8h30 na escola, pois se chegasse às 8h31 levava falta... quando os exames só começam às nove. E lá suportei duas horas e meia de seca...
Depois fui tratar das papeladas para a minha reunião de direcção de turma na próxima quinta-feira... Venho a correr para Arouca para uma reunião de um profissional... de seguida outra reunião, esta do 7ºano... Era para começar às dezasseis... começou às dezassete... Eu só com um aluno para avaliar tenho de aguentar a reunião toda aqui a ouvir a avaliação dos restantes alunos e todos os problemas que estes trazem atrás... Estou cheio de sono, a apanhar uma seca brutal e não há maneira de ver o fim a isto... Ainda por cima amanhã tenho outra vigilância às 8h30 em Castelo de Paiva...
Ñunca mais acaba o dia...
Nunca mais é sábado!!!
Socorro, tirem-me deste filmeeeeeee :S

08 junho 2009

Rosa Negra

Agrada-me!
E porque me agrada, cá vai...



Apreciem! :)

06 junho 2009

Ontem...

Dia para esquecer!
Já não começou lá muito bem, agonizou para o fim do dia e terminou ainda pior!!!
O que é mau é ter percebido que aquilo que eu pensava que andava bem, bem comigo mesmo, afinal ainda não está totalmente ultrapassado... Pronto, e a ferida acabou por abrir e lá vou eu ter de arranjar forças para a fechar novamente e quiçá curá-la de uma vez por todas!!! Anda tudo bem, pensamos nós, até que alguém nos demonstra que a nossa aparente robustez, não passa de uma fragilidade adormecida...

"Eugénio, meu caro Eugénio, tens um longo caminho a percorrer... só não sabes por onde começar!!!
Uma coisa te prometo, grande Eugénio... tu serás feliz, tens de ser, tu mereces..."

05 junho 2009

Arroz, Arroz, Arroz...

Três vezes Arroz!!! (É mais barato e nutritivo e também tem dois "rrs", senão dizia "P..a")
Anda uma pessoa a desesperar para ir ver a grande revelação da música portuguesa, os Deolinda... Já estava mais que prometido que em Agosto não escapariam, uma vez que vão estar presentes na maior feira comercial e afins da região centro, a Expofacic, em Cantanhede...
No entanto, ontem descobri, que os Deolinda vinham a Arouca... HOJE!!!
Fiquei eufórico, pois claro que não ia perder tal oportunidade...
No entanto, depois de uma semana horrível de calor que quase me "matou" desidratado... hoje, logo hoje, tinha de CHOVER!!!
Raios partam o S. Pedro e a mania de estragar os planos aos comuns dos mortais com o seu mau-humor!!!
Estou danado, possesso, irado. Ainda por cima chove que se farta e o mais provável é adiarem o concerto! Buáaaaaaaaaa
Nem o S, Pedro gosta de mim... e pelos vistos nem dos Deolinda!!!
Arroz, arroz, arroz...
Que cromice de tempo...
Lá terei de me conformar e esperar por Agosto... :(
E assim a minha sexta-feira ficou empobrecida por causa das birras de um santo! "Cromio" ainda por cima...


03 junho 2009

CANTO D'ALMA...

Este corpo que suporta a minha ausência
Revestido de mil laços de esperança
Desperta as loucuras dos meus passos
Oculta os abraços da lembrança...

E despido me confesso a ti perfeito
Na nudez que se entranha no abismo
Rasgo a carne que se solta em vis pedaços
N'agonia de outro ser em (só)lipsismo.

Já desfeito do cárcere que me prende
A este chão enraizado em si mortal
Elevo-me às alturas entre espaços
Contemplando a aurora divinal.

Resta a alma na mais pura da essência
Na pureza angélica do meu gosto
Divagando neste mar de sargaços
Onde navego lembrando o teu rosto.

01 junho 2009

ESTÓRIA...

As esquinas do tempo em que se trocam abraços
Entre corpos despidos de pudores e cansaços
Qual romance de cordélia salpicado em flor de sal
Prenunciam as águas do desejo em si carnal.
E as almas trocadas entre os linhos da avó
São prantos de lúcifer unidos num só.
Coração duma inês que pedro tomou
e da trança perdida a rainha elevou.
Dos véus que são sete não reza a desgraça
Da seda dos pássaros muito menos a graça.
E no fim, resta camila em triste memória...
Com os braços no peito
O sorriso imperfeito...
Casamentos que teve não são desta estória!


P.S. - Brincadeira literária com os títulos dos romances de uma autora que aprecio bastante, Rosa Lobato de Faria.