30 setembro 2009

Imperfeito Coração...

Esta estrada que me encaminha alheado do sol que a inunda
Abre-se em mãos de esperanças que se prendem em cada passo
Percorrido, num sentimento des-sentido dos olhares que em mim enlaço...
Os abraços apercebem-se da voracidade que os enleva no tempo
As mãos libertam-se em jeito de uma despedida em vão adiada
A estrada alonga o seu caminho e polvilha o chão de vazio...
Uma negra saudade instala-se no corpo que jaz na berma
Sufocado pelas palavras esquecidas num tempo dito e desdito...
Salta-me do peito em convulsão um coração vivo, aberto
De artérias e veias que o prendiam num ritmo constante e eterno...
No negro alcatrão vejo-o em vermelha pulsação, enfim liberto...
Sorri... olho-o com estranha nitidez, julgando-o meu...
Desperto sobressaltado pelo bater descompassado no peito
Espreito a estrada e vislumbro a luz que se aproxima em suaves laços
que me envolvem e sussurram ao ouvido a loucura imperfeita
desta vontade de não ser apenas eu... só eu...


P.S.: os leitores deste blogue que não se assustem... apesar de o poema ter alguma pessoalidade pouco tem de realidade... é-me realmente bastante fácil escrever sobre algo, mesmo sem o viver ou "sentir"... Disfrutem!!!

3 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

Deixa-me reter isto:

"Esta estrada que me encaminha alheado do sol que a inunda

A estrada alonga o seu caminho e polvilha o chão de vazio...

Salta-me do peito em convulsão um coração vivo,"

Lindo.

Abraço

João Roque disse...

Eu já não posso dizer o mesmo.
Mas, parabéns, está lindo o que escreveste.
E fizeste bem em escrever o P.s.
Abraço.

Rabisco disse...

Essa é a dúvida que quem lê sempre retém...será tudo isto realidade ou apenas fruto da imaginação...
Torna-se engraçada toda a dúvida!