01 janeiro 2009

AGUARELA MATUTINA

Sobre as águas um pincel suspenso…
A tinta esvaía-se na entristecida
aurora matutina.
A tela nada dizia aos ramos
boquiabertos dos choupais.
No entanto, a pintura transmitia
a fonte de um querer ser
para além do infinito.
As faces brancas do papel
povoavam o dorso de
estórias sem história
de uma memória imemorial.
“In memoriam”
(Repetia incessantemente
o pintor daquele quadro)
daqueles que aniquilam o seu estro,
arrancando-o do chão destroçado,
pelos anos de vãos e tristes versos.

Ao entardecer,
a tela jazia no musgo esbranquiçado
da clareira!
Nem tons de azul, nem nuances
de verde palmeira.
A escuridão da noite
relegara o poeta
para a clausura
de um pensamento voraz.
E o pincel,
silencioso e esquecido,
aguardava suspenso sobre as águas
o romper
de uma nova
madrugada!

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